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Rio de Janeiro, RJ – Basquete e natação são dois esportes
completamente diferentes, mas foi uma ex-nadadora quem garantiu a
participação de um jogador nos Jogos Olímpicos da Cidade do México, em
1968. Nesta terça-feira (dia 24), Sérgio Toledo Machado, mais conhecido
como Sérgio Macarrão, completa 70 anos e, em entrevista para o site da
Confederação Brasileira de Basketball (CBB), relembrou a história
curiosa que viveu com Maria Lenk, primeira mulher sul-americana a
disputar uma Olimpíada (Los Angeles/1932), além de sua trajetória e
conquistas no basquete.
Em 1962, então com 17 anos, Sérgio Macarrão, que ganhou este apelido por
ser magro, foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira.
Nos treinos, buscaria uma vaga no grupo que disputaria o Mundial nas
Filipinas. O campeonato, no entanto, foi suspenso e somente seria
realizado em 1963, no Rio de Janeiro. Como havia ficado em recuperação
no colégio, o ala acabou proibido pelo pai de jogar para se dedicar aos
estudos.
“Fui obrigado a pedir dispensa do Mundial. Para a Olimpíada de 1968 o
problema se repetiu na faculdade. Não queria atrapalhar minha formação
em Educação Física, então pedi dispensa da Seleção. Quando a Maria Lenk,
então diretora da faculdade em que eu estudava, soube o que eu havia
feito, me disse que aluno seu não pedia dispensa de Olimpíada. Ela
afirmou que resolveria meu problema acadêmico e eu aceitei a convocação.
Ela resolveu quase tudo, pois teve um professor que acabou me
atrapalhando e só fui me formar depois”, lembrou o ex-jogador.
Nascido no Rio de Janeiro, Sérgio Macarrão brilhou com a camisa da
Seleção Brasileira. Nos Jogos Olímpicos, foi medalha de bronze em
Tóquio, no Japão, em 1964, e quarto na Cidade do México, em 1968. Em
Campeonatos Mundiais, foi terceiro colocado no Uruguai, em 1967, e
vice-campeão na Iugoslávia, em 1970. Nos Jogos Pan-Americanos, foi
sétimo em Winnipeg, no Canadá, em 1967, e bronze na Cidade do México, em
1975. No Campeonato Sul-Americano, sagrou-se campeão no Paraguai, em
1968, e vice no Uruguai, em 1969.
Sérgio e o presidente Carlos Nunes durante a Homenagem pelos 50 anos do bronze olímpico de 1964 |
“Em Tóquio, eu era um menino de 19 anos, uma aposta do Renato Brito
Cunha (técnico). O grande valor em 1964 foi ter jogado ao lado de
grandes nomes do basquete brasileiro. Eu via aqueles caras da
arquibancada, era o mais próximo que chegava deles. Na Olimpíada de
1968, aquela geração foi colocada em xeque pelo resultado. Demos o azar
de cruzar duas vezes com a ex-União Soviética. No Mundial de 1970, na
última partida, contra a Iugoslávia, jogamos para ficar em segundo ou
quinto. Tínhamos vencido equipes fortes, estávamos bem e faturamos o
vice”, recordou Macarrão.
No Mundial anterior, em 1967, o ex-jogador lembrou que foi titular na
estreia, contra o Paraguai. Mas que o frio em Montevidéu dificultou
muito a vida da Seleção. Já o Pan da Cidade do México marcou o retorno
de Macarrão com a camisa do Brasil. Ele não vestia a amarelinha desde
1972 por conta de lesão no menisco que o afastou das quadras por dois
anos. Mas o bom desempenho na Taça Brasil pelo Flamengo e a mudança no
grupo de jogadores o fez ser convocado. “Fui para me despedir. Eu até
tive chance de jogar, mas não consegui, estava fraco fisicamente”.
Em clubes, Macarrão teve a oportunidade de jogar nos quatro grandes do
Rio. Começou a carreira no Botafogo, em 1959. Depois passou por Vasco,
Fluminense e Flamengo. “Não tinha noção da grandeza do clube quando
comecei, foi a oportunidade que surgiu. Não era torcedor do Botafogo e
nem virei, sou Fluminense, mas minha vida no alvinegro foi tão boa,
duradoura e intensa que me sinto um botafoguense. Era a minha casa. Foi
muito bom poder jogar nos quatro grandes clubes do Rio”.
Integrante de uma família de jogadores de basquete, Macarrão chegou a
jogar futebol, mas como foi ficando magro e alto, e como centroavante
apanhava muito, acabou optando pelo esporte da bola laranja. Sua ida
para o Botafogo foi ao lado do irmão Renê Machado, pai dos jogadores
Marcelinho Machado, do Flamengo, e Duda, do Rio Claro.
“Foi tudo muito natural. Se você olhar as fotos do Marcelinho, do Duda,
todos cresceram em quadras de basquete. Hoje tenho um neto (Pedrinho, do
Tijuca) que disputou a Liga de Desenvolvimento. Logo que ele nasceu eu o
levei para uma quadra. O basquete está no sangue da família”, disse.
Hoje, aos 70 anos, Macarrão comemora que poderá voltar a jogar basquete,
agora na categoria acima de 70 anos. “Estou me sentindo muito bem, com a
saúde em dia. Tudo está acontecendo do jeito que eu queria”, finalizou o
ex-jogador, que mora em Teresópolis (RJ) e tem acompanhado pela
televisão os jogos de basquete.
A I / CBB
Foto / CBB / Divulgação
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