.
Cerca de 50 atletas de diversas artes marciais participaram do seminário ministrado hoje, na Academia Edson Carvalho, pelo único Shihan brasileiro, o Baiano Francisco Filho, campeão mundial de Karatê Kyokushin e vencedor do evento K1, um dos mais importantes de Kickboxing no Japão
No
início do seminário, o Shihan contou para os presentes um pouco da sua história
e toda a sua preparação para disputar o titulo mundial do Karatê Kyokushin, do
K1 e também o seu grande desafio das cem lutas, feito no Japão, no exame para
atingir o quinto Dan do Karatê. Em seguida, o Shihan demonstrou técnicas do
Kickboxing.
Amanhã,
o seminário será ministrado pela manhã e serão abordadas técnicas do Karatê Kyokushin.
“Fui muito bem recebido pelo sensei Ricardo e o professor Manoel Mascote, que
tem a mesma raiz minha que é o Karatê Kyokushin, sempre tem promovido a minha
vinda para cá tanto para o Karatê e o Kickboxing”, revela o Shihan.
O
Shihan Francisco vê com bons olhos o atual momento de visibilidade dos eventos
de Mix de Artes Marciais. “Acho que todas as artes marciais só têm a ganhar com
o bom momento do MMA, mas a gente tem que frisar bem que o intuito da arte
marcial é o confronto com o seu próprio eu e não contra o adversário. O intuito
é vencer a se próprio, se fortalecer, representar bem a sua sociedade. Você ser
uma pessoa que possa realmente contribuir com o desenvolvimento da sociedade”,
acredita o Shihan.
![]() |
Tatame cheio |
O
representante maior do Karatê Kyokushin, o presidente da Federação Baiana de
Karatê, o sensei Manoel Mascote falou sobre a importância da vinda do Shihan à
Bahia. “A presença de Francisco Filho é importante para a divulgação do Kyokushin
na Bahia, já que ele é o chefe no Brasil e campeão mundial da modalidade e de Kickboxing”,
acredita.
Dentre
as diversas conquistas do karateca, destaque para três títulos mundiais, um do
mundialito, três Sulamericanos, quatro brasileiros, quatro paulistas e até um
Uruguaio. Sem dúvida a sua maior conquista é o título de Shihan, que significa
professor ou modelo e é, normalmente, utilizado nas artes marciais por quem tem
uma graduação muito alta, que leva décadas para ser atingida.
No
Karatê Kyokushin, um atleta só pode utilizar este título quando os outros
shihans começam a chamá-lo assim. Atualmente, no 5º Dan, Francisco não
participa mais de competições, mas as suas glórias do passado lhe credenciam um
tratamento de ídolo das artes marciais em muitos países do Oriente e da Europa.
![]() |
Mascote Filho, Francisco Filho e Ricardo Carvalho |
Quem é o único Shihan brasileiro
Francisco
Alves Filho, ou Chiquinho, como ficou conhecido, nasceu no dia 10 de janeiro de
1971, em Souto Soares,
Bahia. Começou a treinar Kyokushin aos 11 anos, já morando em São Paulo, incentivado
pelo irmão mais velho. No início, confessa que seu objetivo era treinar dois
anos e depois mudar para outras modalidades, porque queria conhecer um pouco de
cada coisa.
Com
o treinamento, percebeu que o Kyokushin tinha filosofia, respeito, força, técnica,
velocidade e disciplina e decidiu aprender tudo no Karatê mesmo. Em sua estréia
nas competições, aos 12 anos, Filho perdeu na primeira luta, para um faixa
azul. Aos 18 anos, Filho conquistou seu primeiro título internacional no
Campeonato Sul-Americano.
Em
1991, ao derrotar o favorito Andy Hug no V Campeonato Mundial, em Tóquio, de
forma fulminante no primeiro assalto, foi eleito o atleta-revelação. Depois
disso, em 94, passou pelo exame para 3º Dan, vencendo 30 lutas seguidas, o que
impressionou muito na época. No ano seguinte, durante o VI Mundial, ficou em 3º
lugar, chegando até a pensar em desistir do título mundial.
A
perseverança deu resultado. Em 1999, Filho deixou sua marca na história do
Kyokushin como o único estrangeiro a vencer o Campeonato Mundial. Após o
título, o baiano encarou o desafio das Cem Lutas, o teste máximo do Kyokushin.
Quem se dispõe a fazer este teste, precisa estar muito bem física e
espiritualmente.
O
Karateca baiano foi o único brasileiro a efetuar com êxito o teste das 100
lutas no Japão e o único no mundo a não precisar ser hospitalizado após o
feito.
Além
disto, bateu o recorde de duração. As cem lutas foram realizadas em 3 horas e 2
minutos, e de número de vitórias, foram 76 vitórias e 24 empates.
A
este feito seguiram vários outros. Antes de se aposentar, Filho venceu os
quatro maiores campeões do K-1. Além de Andy Hug, o brasileiro derrotou Peter
Aerts, Ernest Hoost e Remy Bonjasky. A rapidez com que nocauteou seus
adversários tornou-o mundialmente conhecido pela marca “ichigueki”, que siguinifica
um único golpe.
Hoje,
como o primeiro Shihan brasileiro, Filho se dedica à formação de novos
campeões. Em maio de 2006, inaugurou sua própria academia na cidade de Bragança
Paulista (SP). Shihan Filho também é o atual presidente da Confederação
Brasileira de Kyokushin.
A I / Miguel Brusell
Foto / Gabriella Simões / Divulgação
0 comentários:
Postar um comentário