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País conquista cinco das seis medalhas em disputa na Holanda e consegue melhor desempenho na história do torneio
O final de semana que começou histórico terminou com mais marcas e
títulos quebrados para o Brasil. Calando uma arena lotada em Haia, com
mais de 5 mil pessoas, Alison e Bruno Schmidt (ES/DF) venceram em uma
virada incrível os holandeses Reinder Nummerdor e Christiaan
Varenhorstpor por 2 sets a 1 (21/12, 14/21, 20/22). Na superação, os
brasileiros salvaram cinco match points adversários na tarde deste
domingo (05.07) para fazer história. A campanha teve oito vitórias e
apenas dois sets perdidos em todo torneio.
Completando a festa, Pedro Solberg e Evandro (RJ) superaram os
norte-americanos Theo Brunner e Nick Lucena na disputa do bronze,
vencendo por 2 sets a 0 (22/20, 21/13). Com as cinco medalhas
conquistadas em seis disputadas - contando o torneio feminino - o Brasil
consegue o melhor desempenho da história dos Mundiais, disputados a
cada dois anos desde 1997. No último sábado, Ágatha/Bárbara Seixas
(PR/RJ) foi ouro, Fernanda Berti/Taiana (RJ/CE) levaram a prata e
Juliana/Maria Elisa (CE/PE) ficou com o bronze.
Assim como no feminino, o Brasil também assegura a segunda vaga do país
nos Jogos Olímpicos de 2016. A conquista, porém, pertence ao país
campeão do Campeonato Mundial, e não ao time vencedor. A classificação
também poderia ser obtida através da Continental Cup, do Circuito
Mundial e da Repescagem Mundial. A primeira vaga já era garantida pelo
fato de o Brasil ser o país-sede.
As duas medalhas foram coroadas com mais quatro prêmios individuais.
Bruno Schmidt foi eleito o melhor atacante do torneio, Pedro Solberg
ganhou a honra de maior pontuador. O carioca Evandro foi eleito o
jogador de melhor saque, além de ter o saque mais rápido. Os holandeses
Varenhorst, melhor bloqueador, e Nummerdor, melhor jogador da
competição, encerraram a lista dos destaques do torneio.
O título representa uma importante marca para Alison, que venceu a
competição em 2011, ao lado do ex-parceiro Emanuel, e ficou com a prata
ao lado de Harley, em 2009. Ele se iguala a Adriana Behar e Shelda,
vencedoras em 1999 e 2001, ficando atrás apenas de Emanuel, tricampeão
do torneio. Tudo isso, apenas cinco meses após o ‘Mamute’ retornar de
duas operações. Já Bruno Schmidt conquista sua primeira medalha em um
Campeonato Mundial.
"As conquistas na Holanda em um ano pré-olímpico geram duas coisas
importantes à nossa preparação. A primeira é o respeito do vôlei de
praia brasileiro, gerando pressão aos adversários. A segunda é um
treinamento emocional aos nossos atletas, que estão fora da zona de
conforto, brigando pela conquista de uma vaga para representar o país em
2016. O saldo desse Mundial é muito positivo. Além das medalhas, as
oito duplas foram às oitavas de final, depois tivemos cinco times nas
semifinais feminina e masculina. Isso é fantástico e mostra que estamos
no caminho certo", analisou Franco Neto, gerente de seleções.
O resultado deste domingo também deixa o país em larga vantagem no
quadro de medalhas dos Campeonatos Mundiais. São 29, sendo 14 no
masculino (seis ouros, quatro pratas e quatro bronzes) e outras 15 no
feminino (cinco ouros, cinco pratas e cinco bronzes). Os Estados Unidos
aparecem em segundo, com 14 medalhas no total, seguidos pela Alemanha,
com cinco.
"É um final de semana histórico para o voleibol brasileiro, ficará na
memória de todos. Parabenizamos esses grandes atletas e trabalharemos
para que esses resultados possam se repetir em 2016, no Rio de Janeiro.
Contando com o apoio do Banco do Brasil, nosso patrocinador oficial, e
do Ministério do Esporte e Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
Contribuições que merecem ser destacadas em um momento tão especial",
disse o presidente da Confederação Brasileira de Voleibol, Walter
Pitombo Laranjeiras.
Pódio com duas duplas brasileiras na Holanda |
A final
A festa estava preparada para a vitória dos anfitriões, que pela primeira vez sediaram o Campeonato Mundial e contavam com Reinder Nummerdor e Christiaan Varenhorst, dupla número um do país, na grande decisão. Assim que entraram na arena instalada no coração da cidade de Haia, completamente tomada pela cor laranja, Alison e Bruno Schmidt viram 5.500 entusiasmados torcedores cantarem à capela o hino holandês, e vibrarem com o primeiro ponto do jogo, marcado pelos donos da casa.
Experientes, os brasileiros não se intimidaram e explorando bem os
contra-ataques viraram o jogo para 3/2. Nos três lances seguintes,
porém, os rivais conseguiram quebrar a recepção brasileira, e abriram
6/3. Em ritmo avassalador, Christiaan Varenhorst, de 2,12m, parou Alison
três vezes consecutivas no bloqueio para ampliar a vantagem em 10/4 e
fazer a arena balançar. Os brasileiros sentiram o golpe. Sem a força
habitual de Alison no ataque e as defesas providenciais de Bruno
Schmidt, a parceria viu os donos da casa abrirem 20/12 e encaminharem a
vitória no primeiro set, fechado em mais um bloqueio de Varenhorst,
anotando 21 a 12.
O gigante holandês abriu a segunda etapa mandando novamente na rede com
bloqueios, e a Holanda largou com 3/0. Alison acertou a mão no saque e
acabou com a vantagem adversária, com 4/4. Os holandeses voltaram a
liderar o placar, mas Bruno Schmidt, em um lance de habilidade, empatou
em 7/7 com uma largada de segunda.
O lance motivou a dupla, que conseguiu abrir 12/9 antes do tempo
técnico. Vibrantes, os brasileiros alcançaram 14/10 e obrigaram Reinder
Nummerdor e Christiaan Varenhorst a pedirem tempo. A tática de esfriar o
jogo não funcionou e Alison/Bruno Schmidt ampliou a vantagem para seis
pontos. Conscientes, os atletas seguiram imprimindo seu ritmo de jogo e
fecharam a parcial em 21/14, levando a decisão para o set de desempate.
O tie-break começou com ambos os times se respeitando, mas a Holanda
logo abriria 5/2, após erro não forçado do Brasil. A vantagem foi o que
faltava para a torcida holandesa voltar a se inflamar, e os donos da
casa seguirem na ponta, com 8/5. Alison e Bruno Schmidt não se abateram.
No bloqueio de Mamute diminuíram a diferença para 8/7. Alison cresceu
no jogo e em outro grande bloqueio sobre Varenhorst deixou a parceria na
cola da Holanda, com 9/8.
Em um intenso rally, os brasileiros empataram o jogo em 10/10, virando o
placar na sequência em grande cortada do camisa número um. O jogo
seguiu com equilíbrio extremo e desfecho imprevisível. Com um ace de
Alison, o Brasil chegou a 14/13 e ao match point, mas o time holandês se
recuperou. Na sequência, Varenhorst bloqueou Bruno Schmidt e conquistou
o ponto do jogo, que foi salvo pelos brasileiros.
Em uma largada sensacional, Alison recolocou o país próximo da
conquista, mas novamente o time rival salvou o match point, empatando em
16/16. Com todos os presentes na arena em pé, inclusive o rei dos
Países Baixos, Willem-Alexander, que prestigiou o grande evento da
temporada, ambos os times acumularam chances de fechar o jogo.
Mas ao invés do hino holandês, o brasileiro ecoaria pelos quatro cantos
de Haia. Com o match point em 21/20, após recepção magistral de Bruno
Schmidt, Alison Mamute surpreendeu Nummerdor com uma largada de segunda
no fundo da quadra e decretou a vitória histórica do Brasil, com 22/20 e
2 sets a 1.
"Passa um filme na cabeça. Montamos um projeto, e quando apresentei ao
Bruno ele abraçou, acreditando demais. Em nenhum momento passamos por
cima de alguém. Continuamos comendo pelas beiradas. Tive que operar o
joelho e o Bruno me deu forças em todos os momentos. Retirei o apêndice,
e quando abri meus olhos no hospital ele estava ali, do meu lado. Então
só tenho a agradecer. Tentamos representar a pátria da melhor maneira
possível, e acho que conseguimos", declarou o bicampeão Alison.
Visivelmente emocionado com a primeira conquista de Mundial, Bruno
Schmidt fez questão de lembrar daqueles que de alguma maneira
contribuíram para a trajetória de sucesso na Holanda. "Nunca lidei com
tantas emoções de uma vez só. Passou tudo na minha cabeça, não sei nem o
que aconteceu da metade do tie-break para o final. Essa vitória foi
para o Brasil, para todos que nos dão forças. Vamos pelas beiradas
fazendo o nosso, tem muita gente que confia e acredita na dupla Alison e
Bruno Schmidt. Estamos no caminho certo", disse.
Após a partida, o brasiliense desbancou fortes concorrentes e foi eleito
o melhor atacante do planeta. "Não acreditei quando anunciaram que eu
sou o melhor atacante do campeonato. Realmente fiquei sem palavras. O
holandês (Christiaan Varenhorst) tem 2,12m, o Alison 2,05m, o Evandro
tem 2,10m e eu 1,85m. Em um evento como esse receber a premiação de
melhor atacante é realmente algo especial", completou Bruno Schmidt.
Alison comemora o título após ponto final, com torcida holandesa incrédula |
Bronze dourado
Pela segunda competição consecutiva Pedro Solberg e Evandro (RJ) tiveram pela frente os norte-americanos Theo Brunner e Nick Lucena. Na última partida, entretanto, os cariocas acabaram superados nas oitavas de final do Grand Slam de São Petersburgo, no único encontro entre os times até aqui. Outro fator que deixou os jogadores com sede de vitória foi a maneira como a dupla foi derrotada pelos holandeses Reinder Nummerdor e Christiaan Varenhorst na semifinal, em um lance controverso da arbitragem.
Com atitude, e Evandro quebrando a recepção adversária, o Brasil marcou
os primeiros pontos do jogo. Os adversários reagiram e viraram o placar
em 6/5, com Brunner parando Pedro Solberg na rede. O camisa um se
recuperou e a dupla brasileira voltou a impor seu voleibol agressivo,
retomando a dianteira em 15/12. Na reta final, Evandro soltou o braço
para fechar a primeira etapa em 22/20.
Dono do melhor saque do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, o carioca
de 2,10m seguiu bem no fundamento para colocar a parceria em vantagem
também no início do segundo set. Os Estados Unidos cresceram na partida,
mas o Brasil seguiu com o controle das ações, com Pedro Solberg e
Evandro se movimentando muito bem em quadra.
Quando Evandro soltou o braço para marcar 19/12, em uma sequência
avassaladora de saques, com três aces, a torcida holandesa que lotou a
arena de Haia foi ao delírio e a vitória brasileira já estava
encaminhada. Novamente com o gigante, desta vez no ataque, a dupla
fechou o set em 21/13 e o jogo em 2 sets a 0.
"Foi um dia maravilhoso, estou muito feliz com minha primeira medalha em
mundiais. Estou no circuito há 10 anos, e nunca havia sentido uma
atmosfera tão especial quanto essa da Holanda. Sem dúvida é o melhor
Campeonato Mundial já organizado até hoje. Só tenho a agradecer ao meu
parceiro e ao nosso time. Já joguei com vários parceiros na minha
carreira, mas o Evandro é o cara.", enalteceu Pedro Solberg após a
partida.
Alison e Bruno Schmidt somam 1000 pontos no ranking do Circuito Mundial
2015, além de receberem uma premiação de 60 mil dólares. Já Pedro
Solberg e Evandro (RJ) levam 800 pontos para a classificação do tour
mundial e recebem um prêmio de 35 mil dólares.
Antes do título de Alison e Bruno Schmidt, o país havia sido campeão com
Guilherme e Pará, em Los Angeles (1997), Emanuel e Loiola, em Marselha
(1999), Ricardo e Emanuel, no Rio de Janeiro (2003), Márcio Araújo e
Fábio Luiz, em Berlim (2005) e Alison e Emanuel, em Roma (2001).
Agora, os times voltam as atenções para a corrida olímpica brasileira e o
Circuito Mundial 2015. A próxima parada do calendário mundial é no
Major Series de Gstaad, na Suíça, que já vale pontos para a disputa de
vaga à Olimpíada aos times brasileiros. O torneio ocorre de 7 a 12 de
julho, no pé dos Alpes suíços.
Dupla comemora o título após superar dupla holandesa |
A I / CBV
Foto / Denis Ferreira Netto / CBV / Divulgação
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