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Evandro e Pedro Solberg (RJ) lutarão pela medalha de bronze na competição mais importante do calendário
O Brasil está na decisão masculina do Campeonato Mundial de vôlei de praia pela nona vez em dez edições disputadas. Alison e Bruno Schmidt (ES/DF) não tomaram conhecimento dos norte-americanos Theo Brunner e Nick Lucena e venceram uma das semifinais na manhã deste sábado (04.07), na Holanda, por 2 sets 0 (21/17 e 21/15).
Na outra semifinal, Pedro Solberg e Evandro (RJ) fizeram um jogo duro
diante de Reinder Nummerdor e Christiaan Varenhorst, mas não tiveram
forças para superar a principal dupla do país anfitrião e perderam por 2
sets a 1 (21/18, 21/23 e 15/13).
A final da principal competição da temporada acontece neste domingo, às
16h, (horário de Brasília) com transmissão ao vivo do canal SporTV. Já a
disputa do terceiro lugar, com transmissão do SporTV2 para todo o país,
está marcada para 15h. Será o segundo encontro seguido entre os
norte-americanos e os cariocas, que acabaram superados nas oitavas de
final do Grand Slam de São Petersburgo, no único encontro entre os
times.
Já Alison e Bruno enfrentarão o time holandês, campeão do Grand Slam de
São Paulo, em 2014, pela primeira vez. No caminho vitorioso até a
disputa da medalha de ouro, a dupla brasileira acumulou sete vitórias e
um único set perdido. Os holandeses, por sua vez, também chegam à
decisão invictos.
Será a terceira final de Campeonato Mundial do "Mamute", que venceu a
competição em 2011 ao lado do ex-parceiro Emanuel, e ficou com a prata
ao lado de Harley, em 2009. Já Bruno Schmidt tem a chance de ser campeão
mundial pela primeira vez. Se eles vencerem, o Brasil assegura a
segunda vaga no torneio masculino dos Jogos Olímpicos de 2016 - a
primeira vaga já era garantida pelo fato de o Brasil ser o país-sede.
Além disso, o país poderá se isolar ainda mais no quadro de medalhas.
Atualmente são cinco ouros no masculino, um a mais que os Estados
Unidos. Caso conquiste o Mundial pela segunda vez, Alison se iguala a
Adriana Behar e Shelda, ficando atrás apenas de Emanuel, tricampeão do
torneio realizado a cada dois anos.
As duplas brasileiras iniciaram a disputa das semifinais na manhã deste
sábado em busca de uma final verde-amarela no Campeonato Mundial 2015, a
exemplo do torneio feminino. Os primeiros a entrar em quadra foram
Pedro e Evandro. E diante de um adversário duríssimo: Reinder Nummerdor e
Christiaan Varenhorst, time número um da Holanda. A atmosfera da arena
central de Haia, tomada por 5.500 torcedores, como não poderia ser
diferente, foi inteiramente favorável ao time local.
A pressão teve início ainda na apresentação dos atletas da casa.
Embalados pelo mar laranja, os holandeses emplacaram 3/0 logo nos
primeiros minutos, após Varenhorst parar Evandro no bloqueio. O Brasil
não se intimidou, e anotou dois pontos na sequência, com Pedro Solberg
explorando os corredores. Com Evandro no serviço, a parceria alcançou o
empate no quinto ponto do primeiro set.
Os brasileiros assumiram a ponta pela primeira vez no jogo no primeiro
tempo técnico, quando o placar indicava 11/10, e seguiram na ponta, após
dois erros consecutivos de Reinder Nummerdor e Christiaan Varenhorst
(14/12). Com uma variação precisa entre largadas e bloqueio, a Holanda
reassumiu a dianteira, abrindo 18/16. Os cariocas ainda teriam a chance
de evitar o set point, mas o camisa um holandês venceu duas vezes o
duelo com Evandro na rede e fechou o set em 21/18.
Evandro iniciou a segunda etapa no saque e colocou a parceria em
vantagem (3/0), obrigando os rivais a paralisarem o jogo. Os donos da
casa voltaram à partida com a estratégia redesenhada, e não apenas
conseguiram o empate, em 7/7, como a virada no lance seguinte. A torcida
voltou a se inflamar e empurrou seus atletas até o 13/10. Mas os
cariocas, focados na necessidade levar a etapa, anotaram três pontos
seguidos para empatar a partida.
O jogo seguiu equilibrado, e imprevisível até os últimos pontos. Quando o
placar mostrava 18/18, os holandeses cresceram no set e conseguiram
duas viradas de bola consecutivas para incendiar a arena. O Brasil
salvaria os dois match points, e mais um terceiro, para virar em 22/21 e
conquistar a chance de levar a decisão para o tie-break. Em um rally
disputadíssimo, Evandro foi ao terceiro andar para cravar a bola no
outro lado da rede (23/21).
Bruno Schmidt ataca contra bloqueio norte-americano |
Os holandeses começaram o terceiro set em vantagem de 5/2, com Christiaan Varenhorst, de 2,12 m, levando a melhor no duelo de gigantes contra Evandro, de 2,10 m. Os brasileiros sentiram o golpe e desperdiçaram bolas importantes, mas rapidamente retomaram o foco para encostar no placar, em 11/9. Na reta final Evandro teve a chance do empate, mas sacou para fora e os adversários abriram dois pontos.
Com o match point, a Holanda selaria a vitória em um lance questionável.
Evandro subiu à rede e soltou o braço para explorar o bloqueio de
Varenhorst. A bola chegou a tocar nos dedos do holandês antes de ir para
fora - como o próprio replay nos telões da arena confirmaria na
sequência -, mas a arbitragem assinalou o ponto para os anfitriões, que
alcançaram a decisão com 15/12 e 2 sets a 1.
Com a derrota de Pedro Solberg e Evandro, as esperanças de o Brasil
alcançar a finalíssima do Campeonato Mundial foram depositadas em Alison
e Bruno Schmidt, que vivem grande momento e chegaram à decisão de
maneira invicta. E a mesma torcida que dificultou a vida dos cariocas no
jogo anterior passou a apoiar o capixaba e o brasiliense.
Os norte-americanos Theo Brunner e Nick Lucena iniciaram o jogo em
vantagem, mas com a mesma tranquilidade apresentada nas partidas
anteriores, os brasileiros alcançaram o empate em 5/5. Com o camisa um
forçando o contra-ataque, os rivais reassumiram a ponta em 11/10. O jogo
de Alison e Bruno Schmidt começaria a crescer a partir dos lances
seguintes, quando Alison se impôs na rede e a parceria abriu 17/14. A
dupla seguiu melhor e fechou a primeira etapa em 21/17, após cortada de
Bruno Schmidt no fundo da quadra.
O segundo set foi todo verde-amarelo. Com moral na partida, Alison e
Bruno Schmidt mantiveram a mesma pegada no início da etapa final e logo
abriram 4/2, em um ace do camisa dois. Na casa dos 10 pontos, a
distância no placar a favor do Brasil já era de seis pontos, e cada
tentativa de reação dos rivais era rapidamente respondida, ora em
ataques precisos de Alison, ora em aces e na recepção acima da média de
Bruno Schmidt, melhor jogador do Circuito Brasileiro 2014/2015. Desta
maneira, os brasileiros alcançaram seis match points. O ponto do jogo
saiu das mãos de Bruno Schmidt, em mais uma bela subida ao ataque do
Brasil: 21/15 e 2 sets a 0.
"A palavra que a gente está usando nessa campanha é superação. Eu,
particularmente, venho usando essa palavra há um ano. Fiquei cinco meses
parado (entre uma lesão no joelho direito e a retirada do apêndice), e
para um atleta de alto nível é complicado pegar ritmo depois de tanto
tempo fora das quadras. E o Bruno, nossa equipe e toda a torcida, sempre
me ajudaram muito", disse o Mamute, que completou.
"Jogar um Campeonato Mundial é sempre emocionante, será minha terceira
final, mas vamos enfrentar um grande time. O Varenhorst tem 2,12m e o
Nummerdor possui uma experiência incrível. Ano passado eles conquistaram
o Grand Slam do Brasil (realizado em Barueri/SP) e eles vêm crescendo
muito", analisou Alison após a partida.
De acordo com Bruno Schmidt, que alcança a decisão do Mundial pela
primeira vez, a experiência de Alison, somada à concentração que a dupla
apresentou ao longo de toda a competição podem fazer a diferença na
partida de amanhã.
"Sem dúvida o Campeonato Mundial é um torneio de peso, bem similar às
Olimpíadas. Os holandeses organizaram um evento que é motivante, está
sendo muito bacana jogar. O Alison tem experiência nesse tipo de
competição, e é legal ter um cara experiente ao seu lado nessas horas.
Ele sabe como se postar, reagir nos momentos difíceis. Amanhã temos que
continuar mantendo o que a gente vem apresentando ao longo do
campeonato, muita concentração e foco", disse Bruno Schmidt.
A décima edição da Copa do Mundo, que começou a ser realizada em Los
Angeles, em 1997, e é disputada a cada dois anos, foi a primeira na
história a ser sediada em quatro cidades de maneira simultânea.
Dentro de quadra, os principais atletas disputam o importante título e
uma premiação de 1 milhão de dólares (60 mil aos vencedores, 45 mil para
os segundos colocados e 35 mil dólares aos medalhistas de bronze). Além
de 1000 pontos para a dupla no ranking do Circuito Mundial.
Além disso, os países dos atletas campeões estarão automaticamente
classificados para as Olimpíadas do Rio 2016. A vaga é da federação, e
não do time campeão. O Campeonato Mundial não conta pontos na corrida
olímpica brasileira, já que possui formato distinto das demais etapas e
possibilita apenas quatro duplas do país em cada naipe.
Evandro e Varenhorst disputam bola na rede |
A I / CBV
Foto / Denis Ferreira Netto / CBV / Divulgação
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