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Rio de Janeiro, RJ – Famoso pela grande capacidade de motivar
sua equipe, o ex-jogador e ex-técnico da Seleção Brasileira, Hélio
Rubens Garcia, de 74 anos, teve seu nome marcado em dois grandes
momentos dos Jogos Pan-Americanos. Como jogador, foi medalha de ouro dos
Jogos de Cali (Colômbia / 1971) e como técnico comandou a equipe
nacional na conquista do título dos Jogos de Winnipeg (Canadá / 1999).
"Eu posso afirmar com clareza que isso tudo é fruto de um trabalho em
grupo. Quando essa coletividade existe, quando as pessoas se motivam,
isso tudo flui naturalmente. Há um ditado que diz: “qualquer que seja
seu estado de espírito a motivação se induz e, através dela, você se
equilibra emocionalmente”. Então, as vitórias e os títulos vieram
através do segredo de acreditar e reagir. O trabalho basicamente é isso.
O conceito de vida é o que dirige a vida. Quando existe essa filosofia
isso pode ser incorporado no seu espírito, então é só colocar em
prática", contou Hélio Rubens ao analisar sua trajetória na Seleção
Brasileira.
Experiência não faltava a Winnipeg. A cidade canadense organizava o
evento pela segunda vez para receber os mais de cinco mil atletas
participantes. Recuperada da má campanha no Torneio Pré-Olímpico de
Porto Rico (1999), a Seleção Brasileira foi para Winnipeg desacreditada,
levou a medalha de ouro ao repetir o feito histórico do Pan de
Indianápolis 1987.
"Depois de termos perdido a vaga para os Jogos de Sydney (2000),
disputamos o Pan 20 dias depois. Parte da delegação deixou o basquete de
lado, mas sabíamos da importância do Pan e da nossa renovação de
valores. O espírito da equipe de comprometimento, confiança e amizade
ainda era uma coisa positiva. Saímos de Porto Rico e fomos direto para
Winnipeg e lá ganhamos de seleções que havíamos perdido menos de um mês
antes. O clima foi cada vez melhorando e o entusiasmo aumentando",
lembra Hélio.
Na final, o Brasil derrotou os Estados Unidos (95 a 78) e se sagrou
campeão, mas teve que contar com a ajuda e o empurrão de um desconhecido
jovem canadense.
"Antes de disputar a final, o Brasil foi a equipe que havia perdido para
os Estados Unidos pela menor diferença (73 a 71). Sabíamos que isso
aumentava nossas chances. Fomos em frente, mas sabendo o que iríamos
enfrentar. No caminho para a final, o nosso motorista era um jovem
voluntário loiro e muito bem humorado, com o ideal de servir. Ele deu um
tapinha na bunda de todos os jogadores ao entrarem no ônibus. Achamos a
atitude estranha, mas apenas rimos e pensamos que o motorista era
legal. No caminho, ele diminuiu a velocidade e pegou o microfone de guia
e começou a perguntar em voz firme "quem vai ganhar esse jogo hoje?".
Todos ficaram calados, mas quando ele perguntou pela terceira vez pedi
que respondessem, pois iríamos perder por WO se não chegássemos logo no
ginásio. Mas apenas três jogadores responderam, mesmo assim ele não
desistiu e perguntou até que todos respondessem. Quando todos gritavam
Brasil, Brasil é que ele acelerou e fomos rumo ao ginásio", relembra
Hélio.
"Chegando ao ginásio outro tapinha na bunda dos jogadores. E no
aquecimento, lá estava nosso motorista com o braços levantados mostrando
que estava ali torcendo pela gente. Conversei com os jogadores e disse
que não importava o resultado, mas que iríamos para o tudo ou nada. A
partida foi fantástica. Jogo duro nos 40 minutos. Com o Brasil a frente
do marcador, fomos para o último pedido de tempo. Apontei para o banco
dos Estados Unidos e mostrei que eles estavam com medo de perder. Era o
nosso momento e ganhamos. Na premiação, a delegação brasileira no Pan
entrou em quadra para abraçar a desacreditada equipe e chegou a
atrapalhar a premiação. Na volta para a concentração, lá estava o nosso
motorista com um sorriso enorme. Ele foi tão importante para nosso
resultado que o Rogério (Klafke) tirou a camisa e deu para ele. Se ele
não tivesse agido daquela forma, entraríamos em quadra com o mesmo medo
que nos mantinha calados no ônibus e talvez tivéssemos perdido. O
relaxamento mental foi importantíssimo para aquele momento e conquista",
completou o treinado
Mas essa não foi a primeira vez que o treinador subiu no degrau mais
alto do pódio no Pan-Americano. Há 44 anos, nos Jogos de Cali (Colômbia
/ 1971), competição que marcou a ascensão de Cuba no cenário
continental, Hélio Rubens recebeu a primeira medalha brasileira
masculina nos Jogos Pan-Americanos, mas como um dos 12 jogadores.
"Se aquele dia alguém me falasse que 31 anos depois daquele dia eu iria
ganhar outra medalha nos Jogos Pan-Americanos, eu diria que essa pessoa
era louca. Sempre tive um orgulho muito grande de representar o Brasil e
na estrutura nacional o que vale é ser campeão. Foi um momento
inesquecível, pois essa foi a primeira medalha do basquete masculino nos
Jogos Pan-Americanos".
Cestinha com 121 pontos, em oito jogos, Hélio se emociona ao relembrar
os momentos marcantes da vitória por um ponto sobre Cuba (63 a 62) que
deu ao Brasil a primeira medalha masculina na história da competição.
"Foi fantástico. Cuba possuía uma equipe fantástica, que conquistou o
bronze no ano seguinte nos Jogos Olímpicos de Munique (1972). No Pan em
Cali, eles desbancaram os Estados Unidos e o Brasil estava com uma
equipe muito boa. Eu estava com 31 anos, no auge da minha forma. No dia
da decisão, os cubanos ficavam correndo na nossa frente para mostrar a
forma física deles, mas ainda faltavam quatro horas para a partida.
Fomos para o jogo, mas fazia um calor absurdo. Foi um jogo duro, com os
cubanos fazendo pressão quadra toda. O calor era tanto que eu secava o
suor no chão antes do lance livre. No final da partida fui para a linha
do lance livre e converti os dois e abrimos um ponto na frente deles,
que erraram a cesta do ataque e perderam a partida. Nós levamos a
medalha de ouro e fomos para a comemoração".
Nascido e criado em Franca, interior de São Paulo, Hélio Rubens Garcia
atuou como jogador também nas conquistas de títulos importantes como o
vice-campeonato no Mundial da Iugoslávia (1970), os bronzes nos Mundiais
das Filipinas (1978) e do Uruguai (1967), além dos bronzes nos
Pan-Americanos na Cidade do México (1975) e em San Juan (1979).
Participações em Jogos Pan-Americanos
- Como jogador
. 7º lugar em Winnipeg (Canadá - 1967) – 2pts / 5 jogos
. medalha de ouro em Cali (Colômbia - 1971) – 121pts / 8 jogos
. medalha de bronze na Cidade do México (México - 1975) – 63pts / 9 jogos
. medalha de bronze em San Juan (Porto Rico - 1979) – 46pts / 7 jogos
. 7º lugar em Winnipeg (Canadá - 1967) – 2pts / 5 jogos
. medalha de ouro em Cali (Colômbia - 1971) – 121pts / 8 jogos
. medalha de bronze na Cidade do México (México - 1975) – 63pts / 9 jogos
. medalha de bronze em San Juan (Porto Rico - 1979) – 46pts / 7 jogos
- Como técnico
. medalha de ouro em Winnipeg (Canadá – 1999)
. medalha de ouro em Winnipeg (Canadá – 1999)
XIII JOGOS PAN-AMERICANOS
Local: Winnipeg - Canadá
Data: 30 de julho a 08 de agosto de 1999
Data: 30 de julho a 08 de agosto de 1999
Delegação do Brasil
André Luís Guimarães Fonseca "Ratto" (17), Aristides Josuel dos Santos (56), Aylton Tesch Cardoso Junior (34), Caio Eduardo de Mello Cazziolato (56), Demétrius Conrado Ferraciu (35), Hélio Rubens Garcia Filho "Helinho" (43), Marcelo Magalhães Machado "Marcelinho" (34), Michel Ferreira do Nascimento (8), Rogério Klafke (68), Sandro França Varejão (38) e Vanderlei Mazzuchini Junior (60). Técnico: Hélio Rubens Garcia.
André Luís Guimarães Fonseca "Ratto" (17), Aristides Josuel dos Santos (56), Aylton Tesch Cardoso Junior (34), Caio Eduardo de Mello Cazziolato (56), Demétrius Conrado Ferraciu (35), Hélio Rubens Garcia Filho "Helinho" (43), Marcelo Magalhães Machado "Marcelinho" (34), Michel Ferreira do Nascimento (8), Rogério Klafke (68), Sandro França Varejão (38) e Vanderlei Mazzuchini Junior (60). Técnico: Hélio Rubens Garcia.
Campanha do Brasil
Brasil 102 x 72 República Dominicana
Brasil 71 x 73 Estados Unidos
Brasil 86 x 72 Cuba
Brasil 95 x 85 Porto Rico
Brasil 95 x 78 Estados Unidos
Brasil 102 x 72 República Dominicana
Brasil 71 x 73 Estados Unidos
Brasil 86 x 72 Cuba
Brasil 95 x 85 Porto Rico
Brasil 95 x 78 Estados Unidos
Classificação final
1º- Brasil; 2º- Estados Unidos; 3º- Porto Rico; 4º- Argentina; 5º- Canadá; 6º- República Dominicana; 7º- Cuba; 8º- Uruguai.
1º- Brasil; 2º- Estados Unidos; 3º- Porto Rico; 4º- Argentina; 5º- Canadá; 6º- República Dominicana; 7º- Cuba; 8º- Uruguai.
A I / CBB
Foto / CBB / Divulgação
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