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Rio de Janeiro, RJ – Dia 23 de agosto de 1987. A data ficou
marcada na história do esporte brasileiro como um dos momentos mais
marcantes da Seleção Brasileira Masculina de Basquete. Diante de um
público de 16.048 torcedores presentes na Market Square Arena, em
Indianápolis, nos Estados Unidos, a equipe comandada por Oscar e Marcel
surpreendeu o mundo ao realizar um feito até então inimaginável: vencer
os americanos em seus domínios. A vitória por 120 a 115 deu ao Brasil a
medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos.
“Foi a maior alegria e a maior emoção da minha carreira na Seleção.
Ganhar aquela final quando ninguém apostava na gente, depois de irmos
para o intervalo perdendo de 20 pontos, virar o jogo, vencer a partida e
ser campeão dentro da casa deles, metendo 120 pontos, coisa que nunca
havia acontecido. Foi demais! Tenho o maior orgulho de ter participado
daquele time, daquele grupo que era uma verdadeira família, companheiros
que estavam ao meu lado em histórias maravilhosas e conquistas
inesquecíveis”, afirmou Oscar, cestinha da final com 46 pontos.
No Pan de Indianápolis, o Brasil teve seis vitórias e apenas uma
derrota. Venceu Uruguai, Porto Rico, Ilhas Virgens, Venezuela, México e
os Estados Unidos. O único revés aconteceu para o Canadá. Na decisão, a
Seleção do técnico Ary Vidal quebrou uma série de marcas: foi a primeira
vez que os americanos perderam um jogo de basquete em casa; primeira
vez que foi derrotada em uma final no basquete; primeira vez que sofreu
mais de 100 pontos diante do seu torcedor; além da perda de uma
invencibilidade de 34 partidas oficiais.
“O único que acreditava na nossa vitória era o José Medalha (assistente
técnico de Ary Vidal). Essa vitória foi importante para o basquete
mundial, pois mostrou que não devemos desistir nunca. Nós lutamos contra
o impossível e vencemos o invencível. Aquela vitória me fez acreditar
que posso fazer qualquer coisa na vida”, disse Marcel.
A equipe dos EUA era formada pelos melhores jogadores que ainda não eram
profissionais. No elenco estavam futuros jogadores da NBA: Dan Majerle,
Danny Manning e David Robinson, este último havia sido escolhido no
Draft da liga americana pelo San Antonio Spurs e integraria o Dream Team
nos Jogos Olímpicos de Barcelona, na Espanha, em 1992.
O Brasil perdeu o primeiro tempo por 14 pontos. No segundo tempo a
situação piorou e a diferença passou dos 20 pontos. Foi aí que os
jogadores mais experientes chamaram a responsabilidade. Segundo Marcel, a
equipe passou a marcar melhor e a desafiar os americanos, que começaram
a errar mais.
“Quando percebemos estávamos oito pontos na frente. Foi só administrar o
placar. Eles ficaram assustados. Jogar na frente dos Estados Unidos não
era raro. O que não acontecia era evitar a virada. No Pan de Caracas,
em 1983, também ficamos na frente, mas acabamos perdendo os dois jogos,
um por três pontos na última bola e outro por oito pontos. Contra um
time que tinha o Michael Jordan”, contou Marcel.
O hoje técnico do Pinheiros lembrou dois momentos que chamaram a atenção
naquela final. O primeiro aconteceu no intervalo. Quando os jogadores
voltavam para o segundo tempo, viram que os americanos já preparavam a
festa no vestiário. Foi possível ver garrafas de champanhe e bonés e
camisetas com a palavra “campeão”.
O outro momento aconteceu após a vitória. A cerimônia de pódio demorou
mais de uma hora para começar. O motivo? Não havia o Hino do Brasil no
ginásio. “A certeza do título era tão grande que não levaram. A nossa
cerimônia era a primeira, antes das mulheres, pois como no feminino os
Estados Unidos venceram o Brasil, eles queriam encerrar os Jogos com o
hino deles. Tiveram de ir ao estádio do futebol buscar o Hino do
Brasil”, lembrou Marcel.
No site da USA Basketball, a vitória da Seleção Brasileira no Pan de
Indianápolis é classificada como uma exibição ofensiva que muitos jamais
se esquecerão. E, de acordo com David Robinson, a derrota foi um dos
fatores que fizeram os Estados Unidos começarem a repensar a convocação
de jogadores. Depois, com o bronze nos Jogos Olímpicos de Seul, na
Coreia do Sul, em 1988, a mudança se consolidou: na Olimpíada de
Barcelona surgiu o famoso Dream Team, capitaneado pelos astros Michael
Jordan, Magic Johnson e Larry Bird.
“O mais importante eu acho que nem é isso. O mais relevante para o
basquete mundial foram as mudanças de regras nos Estados Unidos. Lá,
eles levam anos para mudar, fazem estudos. A NCAA (basquete
universitário americano) não tinha linha de três. Nós ganhamos em agosto
e, no fim de novembro, eles já tinham mudado isso. Na final do Pan, os
americanos não entendiam como tinham perdido tendo feito mais cestas.
Eles praticamente desprezavam o arremesso de três pontos”, afirmou
Marcel.
Campanha do Brasil
Brasil 110 x 79 Uruguai
Brasil 100 x 99 Porto Rico
Brasil 103 x 98 Ilhas Virgens
Brasil 88 x 91 Canadá
Brasil 131 x 84 Venezuela
Brasil 137 x 116 México
Brasil 120 x 115 Estados Unidos
Brasil 110 x 79 Uruguai
Brasil 100 x 99 Porto Rico
Brasil 103 x 98 Ilhas Virgens
Brasil 88 x 91 Canadá
Brasil 131 x 84 Venezuela
Brasil 137 x 116 México
Brasil 120 x 115 Estados Unidos
Delegação do Brasil
André Ernesto Stoffel (11pts), Gerson Victalino (62), Israel Machado Campello Andrade (78), João José Vianna "Pipoka" (23), Jorge Guerra "Guerrinha (55), Marcel Ramon Ponikwar de Souza (187), Maury Ponikwar de Souza (12), Oscar Daniel Bezerra Schmidt (249), Paulo Villas Boas de Almeida (47), Ricardo Cardoso Guimarães "Cadum" (47), Rolando Ferreira Junior (12) e Sílvio Malvezi (6). Técnico: Ary Ventura Vidal. Assistente Técnico: José Medalha.
André Ernesto Stoffel (11pts), Gerson Victalino (62), Israel Machado Campello Andrade (78), João José Vianna "Pipoka" (23), Jorge Guerra "Guerrinha (55), Marcel Ramon Ponikwar de Souza (187), Maury Ponikwar de Souza (12), Oscar Daniel Bezerra Schmidt (249), Paulo Villas Boas de Almeida (47), Ricardo Cardoso Guimarães "Cadum" (47), Rolando Ferreira Junior (12) e Sílvio Malvezi (6). Técnico: Ary Ventura Vidal. Assistente Técnico: José Medalha.
Classificação final
1º- Brasil; 2º- Estados Unidos; 3º- Porto Rico; 4º- México; 5º- Canadá; 6º- Panamá; 7º- Uruguai; 8º- Venezuela; 9º- Argentina; 10º- Ilhas Virgens.
1º- Brasil; 2º- Estados Unidos; 3º- Porto Rico; 4º- México; 5º- Canadá; 6º- Panamá; 7º- Uruguai; 8º- Venezuela; 9º- Argentina; 10º- Ilhas Virgens.
A I / CBB
Foto / Divulgação
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