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Regata mais antiga da Represa Guarapiranga, organizada pelo Yacht Club Santo Amaro (YCSA), foi disputada devido ao vento sul que aglomerou a maior parte das algas junto ä barragem
São Paulo (SP) - A chegada
da frente fria a São Paulo foi providencial para que a Taça dos Lagos
mantivesse a tradição de 75 anos e os jovens velejadores do Audi YCSA
Sailing Team pudessem competir ao lado de atletas consagrados e adquirir
mais experiência para o Mundial da Juventude em julho, em Portugal. O
vento sul que trouxe a frente fria deslocou a maior parte das algas que
tomavam conta da represa, para o extremo norte, acumulando-as junto à
barragem.
Apesar da ‘faxina’ proporcionada pela natureza, os aglomerados verdes
ainda boiavam ao longo do percurso de 12 milhas (20 km) e em frente ao
Yacht Club Santo Amaro (YCSA), fazendo com que os velejadores tivessem
de abrir caminho entre as algas ou driblá-las para chegar à linha de
largada. Até a véspera, a regata correu o risco de ser adiada devido ao
fenômeno.
"Apenas no fim da tarde de sexta (9) foi possível admitir que haveria
regata. Do jeito que a água estava nos últimos dias, com a superfície
totalmente verde, repleta de algas, não teríamos condições de velejar",
avaliou o gerente geral do YCSA e também velejador Marcos Biekarck. A
Taça dos Lagos proporciona aos velejadores de monotipos a mesma emoção
oferecida pela Regata Santos-Rio aos tripulantes de oceano que há 65
anos realizam a travessia no Atlântico Sul, pela oportunidade de
competirem em uma lendária regata.
A 75ª Taça dos Lagos reuniu as mais variadas classes adotadas pelos
clubes às margens da represa. Desde Optimist até Mini Oceano, passando
por Laser, Snipe, 420, 470, Dingue, Lightning e Star, entre outras. Os
percursos variaram de acordo com o tamanho dos veleiros: encurtado,
médio e longo. As idades dos velejadores também variaram bastante, a
partir da das crianças da Optimist, a classe iniciante, até atletas
consagrados como, Claudio Biekarck, maior medalhista da vela brasileira
em Jogos Pan-americanos e atual coordenador do Audi YCSA Sailing Team,
projeto dedicado à formação de velejadores a partir das classes de base.
Superada a ameaça de adiamento, os tripulantes embarcados em 88 veleiros
de 24 classes, aproveitaram a regata desde a largada, impulsionados
pelo vento sul com rajadas de 15 nós, quase 30 km/h. Algumas quebras
foram inevitáveis. Ainda na perna de contravento, começou a chover e a
intensidade do vento diminuiu. A mais longa e mais antiga regata da
Guarapiranga percorre os três lagos (baías) que constituem a represa.
"A regata é mais festiva do que técnica, mas temos de comemorar nossa
vitória. Não estaríamos aqui se o vento sul não empurrasse as plantas
para a barragem", explicou Claudio Biekarck, vencedor da Lightning ao
lado de Gunnar Ficker e de Thomas Sylvestre. Claus e Gunnar
conquistaram o título brasileiro da classe há uma semana, também na
Guarapiranga e têm como próxima meta o Mundial de Lightning em agosto,
em Chicago, seletivo para o Pan de 2015 em Toronto.
O Audi YCSA Sailing Team obteve outras vitórias na Taça dos Lagos.
Philipp Essle foi o primeiro na 470, ao lado de Bruno Mitenpergber;
André Fiuza e Stephan Kunath venceram a 420; Antonio Aranha, a A Class e
Martin Chao, a Optimist. Philipp, Stephan e Antônio estão classificados
para o Mundial da Juventude. Exemplo para os integrantes da equipe de
vela jovem do YCSA, o ilustre associado Reinaldo Conrad venceu a classe
Star ao lado de Bira Matos. Conrad é o primeiro medalhista olímpico
brasileiro na vela: bronze na Flying Dutchman nos Jogos de 1968, no
México.
Prancha a Vela nas algas |
Velejando em família - "É muito emocionante disputar uma regata com quase 100 barcos. Na largada é pura adrenalina. Gosto também de correr contra o meu pai. É sempre um desafio a mais", relata Philipp, esnobando a manobra em que se saiu melhor diante do pai, Mark Essle, segundo colocado na Lightning, quando os barcos de ambos se cruzaram na raia.
"Eles só nos ultrapassaram porque demos mole com vela à direita. Nós
bobeamos. Foi só por isso", retrucou Mark, que também é comodoro do
YCSA. "Na verdade, essa é uma regata para a família, é um momento de
inclusão, de integração. É uma alegria ver meu filho velejando em alto
nível. Eles estão atingindo uma fase em que começa a se tornar natural
ganhar dos pais", resignou-se Mark, após receber o troféu transitório
Ernesto Reibel das mãos do próprio associado.
Ernesto é conselheiro há 60 anos e foi comodoro do YCSA na época dos
Jogos Pan-americanos de 1963, disputados em São Paulo. O clube foi sede
das regatas e coube a Ernesto a tarefa de receber os velejadores das
três Américas. O troféu que recebe o nome dele é entregue anualmente ao
clube que somar mais pontos de acordo com o regulamento da Taça dos
Lagos. O YCSA manteve a posse ao atingir 58 pontos, contra 17 do
vice-campeão, Clube de Campo Castelo.
Como organizador da competição há 75 anos, o YCSA também cumpriu seu
papel social ao arrecadar mais de 200 quilos de alimentos. As inscrições
para correr a regata são gratuitas, porém, cada tripulante tem de doar
dois quilos de produtos não perecíveis a serem destinados a instituições
beneficentes. O Fita Azul, primeiro barco a cruzar a linha de chegada,
foi o Nacra de Marcos Ferrari e Caroline Sylvestre, com 1h28, mais de
uma hora de vantagem sobre a flotilha.
Byte driblando as algas |
Mais informações no site ycsa.com.br
A I / ZDL
Foto / ZDL / Divulgação
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